Era
o segundo domingo de maio, eu estava folheando um jornal, simplesmente
folheando. Meus olhos corriam de notícia a notícia, deslizando para achar algo
que parecia interessante. Foi então que encontrei. Comecei a ler, umas duas ou três linhas
depois do começo do pequeno texto. “... o seu perfil era violento, passava
noites fora de casa, tinha vários vícios, e quando aparecia, era só
sofrimento...”, continuei a ler, minha curiosidade e espanto aumentando a cada
palavra.
Foi então que depois de ler uma
frase encostei o jornal na mesa. A frase era: “A mulher tentou ajuda em
diversos estabelecimentos, e depois de
apanhar brutalmente do rapaz ainda o defendeu diante dos vizinhos que queriam
linchá-lo.” Me indaguei:
— Que ser, em sã consciência, vive
em uma situação dessas? Essa mulher deve
ser doente! Mas se foi escolher um homem assim, é provável que seja louca
mesmo.
Retomei minha leitura, apesar de não
estar nem um pouco contente com o que estava lendo. Pensei no fato de que uma pessoa apaixonada
faz qualquer coisa, mas aquela situação ia além. Crente de toda a história seria apenas a
tentativa de uma mulher salvar seu marido de uma vida condenada, o que
terminaria em um uxoricídio ou algo comumente trágico, me surpreendi ao ler o
final do texto.
Depois de tanto sofrimento, o moço
finalmente adoeceu, e internado, precisava de um transplante de fígado. Sua doadora perdeu a vida na cirurgia, mas o
fígado pode ser transplantado, o que salvou o rapaz, que a partir daquele
momento mudou completamente de vida. Depois de um desfecho desses, não pude
acreditar em uma história tão triste, e resolvi então ler o texto de novo,
dessa vez desde o começo.
Ao ler a primeira linha pude
entender completamente. A mulher, não era sua esposa, nem sua mulher, era sua
mãe. E não há pessoa que faça o que uma mãe faz, aquela mãe salvou seu filho, e
isso compensou qualquer sofrimento e dor que ela já tenha passado, são assim,
todas elas. Uma lágrima desceu pelo meu rosto neste momento, pela história, e
também porque quando a entendi, pensei em pegar o telefone e telefonar para a
minha mãe, somente então me lembrei de que isso já não era mais possível.
Arthur Gobbi de Lima
Crônica que eu fiz no dia das mães. Espero que gostem, me rendeu um relógio e dois livros!
Estranho eu me espantar com tamanha habilidade. Eu já não sabia?
ResponderExcluirParabéns e obrigada por não me decepcionar! Nunca!
Eu segurei para não chorar.
ResponderExcluirMuito lindo o texto e só diz verdades.
Gostei, tocou a alma.
Obrigado Picocós, talvez voce já sabia!
ResponderExcluirPretendo surpreender cada vez mais! =)
Que bom Selene, para um escritor, ler isso mostra que o texto valeu a pena! volte sempre, ando passando no seu blog para dar umas lidas também.. ausheuahse. até
ResponderExcluir"Assim são todas elas" sim hahah pode confiar!
ResponderExcluirMe emocionei lendo, sério.