quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Marcha Fúnebre inconcebível

AVISO: Se é o primeiro texto que lê nesse blog, por favor, peço que leia pelo menos uns cinco textos de bom tamanho antes de ler esse.

     Uma ferramenta extremamente idolatrada pela minha pessoa, e que na minha opinião, deve ser um forma de chegar a diferentes lugares de uma forma mais rápida e maluca, é indispensável para que se traduza o que  vou fazer nesse texto. Aliás, eu a estarei usando.
     O quanto você é certo? O quanto podemos nos dar como certo. Muitas vezes penso se o pensamento no qual coloco mais certeza, tem mais dúvidas do que aquela ideia que outras pessoas não possuem muita "confiança".
     Então, se sou feito da incerteza, posso manipular alguns mecanismos que fazem tudo virar uma bagunça. Ao mesmo tempo, faço com que essa bagunça se expanda exponencialmente, sem parar. E assim, como produto final, obtenho um universo de ideias, e como tudo está misturado, mixado, tudo se contamina. É um bom jeito de explicar o funcionamento disso tudo.
     Sou um homem múltiplo. Antes eram só suspeitas, mas agora tenho certeza. Como posso explicar a vocês, que considero minha habilidade mais afiada e excitada como a de conceber ideias tão contrastantes ao mesmo tempo. Como dizer, que não é minha determinação, inteligência, ou qualquer outro atributo, que considero meu máximo.
     Será que é difícil, eu chegar e dizer? Pois muitos com certeza são capazes de fazer isso, eu não me pergunto nem sequer por um segundo se são dotados de faze-lo em maior ou menor grau. Mas eu considero isso. Também creio que é um dos grandes problemas quando se trata em conviver com as outras pessoas, eu espero interagir com uma outra pessoa que faça isso também. E bem, a todos que já conversei, não consegui perceber essa mesma característica em um grau que me agradaria e assustaria ( o que seria muito alto, principalmente para agradar), mas é muito bom, pois posso usar isso de uma forma individual.
     Um dia conversando com um amigo, no meio da discussão, (provavelmente ele vai ler esse texto e vai reconhecer) ele me perguntou no que eu "acreditava", ou seja, qual minha visão sobre a discussão. E não pude responder, aliás, utilizei um trecho de um texto desse mesmo blog. Mas conversávamos sobre algo extremamente absurdo. Mas absurdo perante a quê? RELATIVO a quê? A visões, a concepções.
     Se alguma ideia é considerada louca, mesquinha, maravilhosa, ou o que valha, é porque a mesma está sendo analisada por outro ideia anteriormente concebida, essa mesma ideia anteriormente concebida foi analisada por outra e assim por diante. Até que chegamos a qual ponto? O ponto em que uma ideia é aceita, sem mais nem menos. Ela simplesmente é aderida. Imposta.
     Decidi falar sobre a confabulação. Entretanto, vou utilizar a ferramente que falei no começo do texto. Com ela, eu posso conceber qualquer ideia, mesmo que pareça ridícula, absurda, ou que insulte as concepções gerais, manipuladas e fracas da nossa sociedade, que são geralmente imposta pelos poderosos, através da mídia, religião, etc.
     Aliás, acho que posso dizer, que é por isso que discordo completamente com uma parte da ideologia das religiões. Elas justamente te impedem de pensar de outro jeito, como vou poder usar minha arma se possuo uma ideia que proíbe que eu possua outras visões? Por que não posso ser muçulmano ateu? São de fato muito bonitos vários princípios da religião, como amor ao próximo, caridade e solidariedade, isso eu aprecio de fato, e aproveito deles quando surge uma oportunidade, pois a maioria deles eu não aprendi com a religião, mas outras pessoas sim, então posso estabelecer uma comunicação.
     Então, se você está engessado em dogmas, tente imaginar. Pois a imaginação é primal, aliás, a mãe de todas as artes. E depois peça perdão para o seu Deus, por ter pensado diferente do que você mesmo acatou.
     A conversa era a seguinte: Existem várias teorias a respeito do que é o tempo. Mesclando uma dessas teorias com o pensamento de que o universo está sob a ação de um ciclo* e ainda adicionando uns conceitos quânticos de possibilidades infinitas, eu formulei uma situação-problema que compartilhei com meu companheiro de confabulação.
   
     Era assim:


     Admitindo vários ciclos no universo, ou seja, tudo se cria e depois se destrói para se criar de novo, chegamos a um dilema. Devido as gigantescas (e chegam próximo do infinito, por mais irônico que possa parecer) possibilidades, tudo pode ser recriado de incontáveis formas diferentes. Mas se tudo não passa de um jogo de dados, vamos simplificar tudo.
     Pegue um dado de 6 lados. Jogue-o. Tente tirar 2. Conseguiu? Bem, sem um limite de tentativas você vai acabar conseguindo cedo ou tarde. Agora arranje mais um dado de 6 lados, jogue um dado, tire 2, depois jogue o outro dado e tire 2 também, só que de uma vez só. Ficou bem mais difícil, pode ser rápido, como pode levar uma tarde inteira para você conseguir, mas e se....
     E se o tempo for admitido como algo realmente tão infinito, que chega a ser insignificante? Se você tiver 2 bilhões de anos livres para fazer alguma coisa, por mais difícil que seja tirar mil dados com resultado 2 consecutivamente, uma hora você pode conseguir.
     Orgasmante. Se você tiver 2 bilhões de anos, você faz qualquer coisa, agora pense na Evolução. Ela parece mais possível nesse ponto de vista? Mas é claro, não temos noção de quanto isso demora de acordo com o nosso ponto de vista humano. É assim que toda a complexidade da vida hoje pode ser explicada, o tempo na mão da Natureza. Ela dispõe dele como recurso que nunca vai acabar, por isso ela pode ser bem detalhista.
     Eu disse mesmo que demore incontáveis bilhões de bilhões de anos, os dados podem cair na mesma posição, e uma situação idêntica a que está acontecendo agora, pode acontecer no "futuro". Então o futuro será igual o passado. Ao mesmo tempo que todos podem ser PRESENTE, ao mesmo tempo. Que é no que eu mais coloco minhas fichas, de que de fato não existe tempo, mas um eterno presente, digo isso fisica e filosoficamente.
     Um pouco louco não? Não. Louco perante seu ponto de vista. Louco por causa das ideias que você tem guardadas aí, mas perante eu, que crio um recipiente para essas ideias, elas não são nem um pouco "loucas", elas chegam a fazer o maior sentido. Esse ato de não conceber ideias muito diferentes, impede a humanidade. O ser humano é engraçado, vivemos assim, a primeira ideologia que aprendemos julgamos como a certa, é claro que só por que você julga algo certo não quer dizer que o mesmo seja. É por isso que eu amo a Ciência, já disse e volto a repetir, a verdade é verdade, independente do que você acredita. A arte de mudar. E a Ciência, meu caro, é feita disso, ideias concebidas sem PRÉ-CONCEITOS, por mais que sejam diferentes das ideias que nos são apresentadas de ante-mão, por mais que sejam diferentes até das ideias que a própria ciência já estudou/estuda.
     O título começa a gritar de maneira ensurdecedora nesse ponto do texto, acho que após essa breve introdução, poderei dizer a que vim.


Morte.

     O que é morte? Morte, meus amigos, é o assunto mais horrível de se falar. Não, não nesse sentido que você está pensando, mas o motivo que você pensou é justamente a causa dessa dificuldade de trabalhar em cima dessa palavra.
     Ultimamente andei lendo alguns artigos neurocientíficos que mostram a importância dos sentimentos a respeito de quase tudo que fazemos, senão tudo. Então, a morte que causa tanta tristeza e dor as pessoas, deve criar algo terrível ( e na minha opinião, extremamente necessário a nossa sobrevivência) a nosso corpo, dando ênfase é claro, ao nosso cérebro. 
     Talvez essa seja de fato uma explicação para como a morte tem uma importância divina na nossa vida. O que alguns não deixam de usar contra a maioria, utilizando desse temor para gerar meios de manipular as pessoas*. A partir do momento que tomamos consciência de que somos vivos, nada nos perturbou mais que o fim dessa vida. A clareira no fim do caminho.
     Isso foi uma concepções mais impactantes, e vejam só, olhem ao redor, ela perseguiu os seres humanos durante todo o período de evolução do Homo sapiens! Talvez a consciência de que vamos morrer algum dia, - obter essa ciência, essa resolução - foi a principal diferença que afirmou a diferença do ser humano em relação aos outros animais. 
     A questão está ficando cada vez mais delicada... Pois a morte separa as pessoas e nossos laços são muito fortes, essa experiência de separação, como eu disse anteriormente, gera pertubações espalhafatosamente bruscas em nosso sistema. Um genuíno trauma.
     E deve ser tratado com qualquer trauma, queremos distância do problema.... 
     Então quando nos é prometido que vamos ver as pessoas que amamos quando essa vida acabar, talvez em outra vida, não sei, é muito reconfortante. Eu particularmente gostaria de admitir, até hoje, minha experiência com a morte foi menos intensa, as pessoas mais próximas que já perdi, se foram quando eu era menor, ou pelos menos quando eu não tinha tanta consciência disso.
     Fica talvez mais fácil, para dizer que devemos encarar esse fato como algo natural, e que precisa ser revisto. Sou grato, que não passei ainda por momentos tristes devido a morte de alguém, pois agora posso ver com outros olhos, e me preparar para quando eu passar por isso.
     Quero, usar minha ferramenta aqui. A respeito do que é perder ou não uma pessoa. Por que isso é extremamente desconfortável, o prognóstico de uma vida em que um ente querido não esteja mais ao seu lado. 
     A questão, é, qual a diferença entre a morte de um ser humano, e a morte de outro ser vivo qualquer? A questão é grotesca a princípio, e para finalizar esse ensaio, vou dar minha opinião.
     Acho até digno de mencionar um pedaço de um texto sobre Estoicismo. (Aliás, eu mesmo já publiquei o texto todo aqui no blog, procura aí), pois concordo com a maioria do que essa corrente prega, senão tudo:
   
     "Ora, nesse contexto, como se deve portar o homem diante da vida e do universo? Para o estoico, ao compreender que é um ser racionar que possui uma maneira de ser de acordo com o universo, o homem deve entrar em harmonia com esse cosmo e viver de acordo com suas leis.
     Diante disso, não há motivo para desespero até mesmo diante do sofrimento. Se a dor existe, ela é parte integrante do homem e do universo, e, portanto, é boa. Se o homem resolver revoltar-se contra a dor é por que não compreende que ela é parte de uma harmonia cosmológica perfeita.
     Isso vai gerar uma atitude muito austera diante da vida. Ao estoico, sofrer pela do não faz o menor sentido. Por exemplo, a morte lhe é um fato natural, portanto, não o pode abalar."

     A diferença pode estar não em quem morre, mas em quem lhe dá por falta. Nós humanos, criamos fortes laços com os outros, é o nosso jeito, e nesse planeta, cada um, cada espécie tem seu jeito. Porém quando não emitimos mais impulsos elétricos, aqueles em nossa volta é que vão sentir nossa falta. Quando uma formiga morre, suas semelhantes não são tão afetadas. Ao mesmo tempo que os elefantes velam seus mortos, agora digo, os elefantes possuem um cérebro grande e uma certo grau de inteligência. Então, será que tudo que achamos ser exclusivo do ser humano, de ordem divina até, não é apenas resultado da seleção natural?
     Por que uma formiga não é importante? Qual seu conceito de ser importante? Ser capaz de sentir, emocionar-se? Possuir uma vantagem cognitiva? Então, antes de termos aqui na Terra o ser humano moderno, nada importava? Pois tudo aquilo que julgamos nos fazer diferentes dos outros animais veio da evolução. Do mesmo modo que um animal possua características que nós nem sonhamos em ter, ele não seria também "especial"? Antes de evoluirmos? Ah, você não "acredita" (palavra cretina) na Evolução? Então... Deveria ter parado de ler o texto quando falei da ferramenta.
     Essa era minha armadilha para você, uma reflexão cruel. A arte de pensar em algo absurdo, longe das concepções do que essa sociedade impõe como ético, como educado, como certo.     

4 comentários:

  1. * Perceba nessa parte, como eu simplesmente junto duas ideias, para criar uma outra, sem nenhum problema. Eu dou sequência ao pensamento. Isso que eu gostaria de transmitir.


    Escrevi a parte da morte escutando Marcha Fúnebre.

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  2. * Faço referência a tragédia ocorrida em Santa Maria no Rio Grande do Sul, a qual foi ao máximo explorada pela mídia, o que mostra que os conceitos éticos e morais que o sistema impregnou nas pessoas é quebrado de forma furtiva quando não são interessantes para o sistema. Uma pena maior ainda, que as pessoas apoiem isso tudo.

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  3. Fazendo referência ao começo do texto, admito que penso da mesma forma. Tudo é uma questão de ponto de vista sobre o que é certo e errado. As coisas podem ser simples, assim como já fiz um texto sobre simplicidade. Você pode questionar tudo, ou simplesmente aceitar as coisas como elas são. Defina para você o que é certo ou errado. É por isso que existe o livre arbítrio, é por isso que você pode pensar. Cada um tem a própria filosofia de vida e tem o direito de seguir ela como quer. Mas no fim, eu concordo com tudo que você disse nesse texto.

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    1. Obrigado por comentar, Bruno! Eu não questiono essa possibilidade de aceitar ou negar o que seja. Ela de fato existe. Do mesmo modo entendo que todos podemos definir o que é certo e o que é errado, mas com muitos empecilhos e limitações. Impossível responder esse comentário em um espaço tão curto, então, decidi-me por dedicar um texto a esta resposta. Justamente por duas palavras do seu comentário. "Livre arbítrio". Inté.

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