domingo, 1 de setembro de 2013

Tabuleiro de tabus

    Confesso que procurei definições e discussões sobre a palavra tabu antes de escrever esse texto.  O significado todo especial concebido a essa palavra neste texto é sem dúvida muito questionável, mas deixarei a questão de lado em uma primeira escrita, permitindo-me a discuti-la em outro espaço.
     Vários escritores foram notáveis por colocar o dedo na ferida, por apontar o que a sociedade gostaria de esconder. Transformaram seus livros em olhos, e os viraram para as mazelas que nos permeiam a vida.
     Não é de longe minha intenção no momento. Eu só gostaria de falar abertamente. Queria dizer qualquer coisa que me causasse receio ao sair pela minha boca. Porque eu posso fazer isso, e vou.


Meninos e meninas

     São meninos e meninas que me deixam muito intrigado. Se estou incomodado com alguma situação, ela contamina minha mente e então tudo começa a passar por um filtro completamente diferente. Esse filtro é impressionante e, na verdade, não deveria ser chamado como tal. É mais justo dizer que em vez de filtrar algo que deveria ser de certo modo refinado, estou apenas me deixando aberto àquela alternativa. Estou vendo!
     Nunca vamos fugir de algo tão criminoso quanto a opinião alheia. Recomendo expressamente a leitura da obra de Machado de Assis: Memórias Póstumas de Brás Cubas para maiores esclarecimentos. 
     E aqui, introduzo o primeiro ponto do meu pensamento. O quanto estamos acorrentados? Acho interessante lembrar que temos muitas vezes a impressão de estarmos evoluindo ao questionarmos preconceitos e rótulos, mas eu discordo completamente. Evoluindo? De uma maneira muito cretina sim. Porém, estamos apenas compensando um imenso déficit que nos acometeu.
     Importar-se menos com comportamentos que racionalmente são ridículos, fazer da sua vida a sua, e não apenas mais uma lata de sardinha no supermercado, essas atitudes, ao meu ver, já deveriam ser naturais a todos. Possuir uma visão preconceituosa, adotar ideologias racistas, sexistas, etc, é apenas estar muito abaixo do que poderia ser considerado o primeiro passo no caminho da sabedoria. Abandonar essa escória de pensamento é apenas perceber as correntes que nos circundam.
     Ainda assim, postulando que essa busca já esteja em andamento, notam-se falhas tremendas. Momentos críticos onde aquele que supostamente possui a mente mais independente das amarras da vergonha e do politicamente correto sente sua imagem ameaçada ou sua representação para com os semelhantes tomando rumos que lhe incomodam.
     Sim. Não é assim que se supera. Atirar tudo ao lixo. Porque, quem simplesmente quer ignorar os rótulos e não estudá-los, corre o sério risco de estar ignorando apenas os rótulos que não lhe soam convenientes. Enquanto de certo modo, está apenas construindo um outro tipo de catalogação, e se esse rótulo disfarçado é ameaçado; ela afunda.
     Então, estou aqui para falar desses meninos e meninas por aí, tantos dos quais eu gostaria de falar, conhecer e fazer conhecer-me mas não terei a oportunidade. Tantos que nunca lerão essas palavras que me ajudaram a escrever hoje.
     Porém, os que estão a minha volta terão de mim o maior esforço para que - para que o quê? 
     Para que esqueçamos de tudo, tudo mesmo, mas não de modo definitivo, mas em momentos que não devemos lembrar de que existimos, ou do que aprendemos. Loucura que pretendo tentar.
     Confesso que o texto saturou-se em certo momento, mas esforço-me para transmitir algo tão importante. Me sinto tão bem ao escrever isso, estou segredando a tu, e não fazendo qualquer discurso, e nesse clima tão próximo e gostoso, prossigo.


O fracasso é perturbador

    Sou agora, Arthur. Olá, estava eu postando alguns vídeos no blog. Gostaria de ter me dedicado mais, mas não o fiz. E como resultado, após duas postagens já não sabia o que postar. Acabei encontrando algumas coisas interessantes, mas passou longe do que eu pretendia. 
     Acho interessante dizer-lhes que eu nunca escrevi do modo como eu escrevo nesse "subtexto". É um modo tão singular que só foi revelado pois é o melhor tradutor do que eu quero fazer nesse texto.
     Todos que já tiveram a sua adolescência ou a vivem, vão entender perfeitamente do que eu vou falar. E não sei como essas coisas vão se mexer dentro de você, porque elas foram deveras cruéis com muitos, e imperdoáveis para outros.
     Por mais que tentamos crescer interiormente, ainda somos oprimidos. 
     Vou ser bem direto, pois não quero me prolongar sobre tudo aquilo que precede momentos como os que vou citar, então conto a vós:
     Que aquela vossa tia que pergunta sobre "as namoradinhas" ataca tão fundo quanto uma lança afiada, diretamente no seu emocional. 
      Que aquele tio que pergunta "já comeu?" morde um lado vulnerável. E que eu seja perdoado pela grande presença de perguntas comumente dirigidas a um menino, o que já chama atenção. Já preocupa.
      O fracasso é perturbador.
      O óbvio ignorado é mais valioso que o subliminar descoberto. Se eu dizer que ninguém gosta de falar de suas falhas, vou estar dizendo algo muito evidente. Mas até que ponto somos incitados a falar dos nossos erros, e até que ponto as outras pessoas se sentem confortáveis dentro disso? 
     Penso que a minha segunda pergunta não faria tanto estrago a uma pessoa que já teve uma relação sexual com a parceira. Então, ai não existe uma falha sua, portanto, torna-se incrivelmente um bizarro mérito, de modo que ela vai tentar expô-lo ao máximo. (para quem?)
     Acho incrível como o conteúdo sexual está envolvido. Mais intrigante ainda é que não se trata de falar sobre sexo, mas sim sobre o seu sexo. Sobre o seu corpo, sobre sexo e que envolva a sua pessoa. Quantos dramas pessoais não moram nessa região?
     E agora como estou falando de um assunto mais específico (e vou abordar mais "derivações" nesse contexto) gostaria de questionar a esmagadora incidência da exigência nos homens. São com certeza os mais bombardeados com essas violações que os deixam aptos a ferir outros e geram um ciclo que é ridículo, pois não se ganha nada, somente mais e mais danos. Mas o que danos consecutivos entre machos lembram? Competição. Sexo é matéria de extrema importância para o macho, por que não colocar aqui uma frase:
     "...Em espécies que se reproduzem sexualmente, o único modo de fazer filhos é misturar os próprios genes com os de um outro indivíduo. E o único modo de fazer isso, para os homens, é atraindo uma fêmea da espécie pela sedução. É por isso que os machos da maioria das espécies evoluem para agir como se a cópula fosse o ato mais importante da vida. Para os genes masculinos a cópula é o portal para a imortalidade. É por isso que os machos arriscam suas vidas por oportunidades de cópula -  e é por isso que um louva-a-deus continua copulando mesmo depois que a fêmea comeu sua cabeça."
     Algo que me diverte são as pessoas que insistem em afastar o ser humano dos animais. Sendo que os primatas Homo sapiens se comportam exatamente como qualquer animal quando se trata de... tudo. Mas aqui o assunto é sexo, é não há de ser diferente. Basta recordar que o assunto que mais permeia uma roda de amigos é sobre mulheres, que existe um pensamento sexual latente vinte e quatro horas por dia, que é potencialmente excitado por qualquer tipo de estímulo.
     Uma das derivações que gostaria de anotar também é uma questão que persegue todo menino. O xingamento mais comum e forma de provocar mais ordinária para um garoto é ser chamado de gay. Tenho alguns pontos sobre essa questão.
     Em poucas palavras, o homossexual é uma afronta ao ciclo mencionado anteriormente, pois como há de ser inserido? Aliás, quando a tia pergunta "e as namoradinhas" está se esquecendo da possibilidade homo afetiva (ou tentando não lembrar-se hahaha).
     Por fim, gostaria de enunciar certas falhas que realmente desnorteiam-nos. São relacionadas a alguma tarefa que deveríamos desempenhar com determinado desempenho, mas não o fazemos. A frustração nossa de cada dia não poderia queimar mais forte com a o dedo alheio nela pressionado. 
     O fracasso é perturbador.
     Quanto mais exclusivo o problema; maior a dor. Principalmente no que diz respeito aos laços. Coloque na mesa a fraquezas e desaventuras que uma pessoa possui em relação a seus laços e faça trabalhar sobre isso, é o mesmo que convidá-la a um inferno.
     Um pequeno exemplo disso (pois acho interessante provocar esse experimento) é um pai distante que não consegue estabelecer um diálogo aberto com seu filho, irmãos que não se encaram de frente, fogem e vivem como irmãos de sangue, mas nem de longe conhecem o íntimo de cada um. Vivem na mesma casa, cada um com a sua rotina, na hora do aperto são muito próximos, se amam. Mas... 
     Foi muito difícil achar uma forma de expressar esse pensamento. Basicamente tenho vergonha daquilo que sou e que é feio. Se meu corpo é feio. Se não correspondo aos critérios que citei. 
     O fracasso é perturbador porque evoluímos aprendendo que a derrota significa a extinção dos genes. A seleção natural.

Tabuleiro de tabus

     Somos enxadristas tão habilidosos que nos espantaríamos com tamanha maestria para lidar com as imposições dos outros participantes. Toda essa rede de complexidade parece ser fácil de escapar quando dissolvida e desmascarada. Mas meu maior temor são tremendos nódulos dentro de cada um que geram seres humanos com algum tipo de trauma.
     Desde pequenos, somos testados e (o mais importante) testamos os outros. Essa conversa sobre bullying parece brincadeira de criança quando avançamos pela idade adulta. Enormes buracos na personalidade, e uma instabilidade emocional gigantesca são boas consequências para se citar.
     E os feios e feias, que sempre foram deixados de lado, que não conseguiam ganhar a atenção do parceiro e por isso glorificar-se com o objetivo de toda forma de vida que já pisou na face da Terra. Reprodução. E na sua feiura terão de cultivar uma beleza de forma duvidosa, mas que pode acabar dando certo.
      Lembra-te agora, quando disse que o assunto mais recorrente entre amigos era sobre mulheres? Seria interessante notar o jogo empregado, pois, por que haveriam de comentar senão para saber a opinião dos outros? Então analisando friamente essa situação, temos: Comparações e expressões como: "Eu como ela três vezes" (perdoa os exemplos ridículos) o que seria uma espécie de exaltação de si mesmo, que se manifesta repetidamente, ao mesmo tempo que cada um está medindo a reação do próximo. 
     Vamos vivendo imersos em tanta competição, mas somos dotados de uma consciência que nos amaldiçoa devido a nosso fracasso. Essa é a maldição que recai sobre a humanidade. Sua consciência identificando as incoerências da "animalidade". É saber do podre da maçã, mas não ter poder sobre sua mão que a colhe, ou sobre a boca que a mastiga.

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